Haiti Bombagai

Radilson Carlos Gomes | Haiti, fevereiro de 2011.

Cinzas, areia, pedras, concreto destruído. E no meio do caos, cores persistentes. O olhar do fotógrafo busca a composição, mas a composição revela uma nova perspectiva, construída na persistência do cotidiano: a vida se valendo de esperança. Crianças brincam e estudam, homens reconstroem o País, mulheres carregam o Haiti sobre a cabeça. As colegiais vestidas com uniformes limpos, meias brancas e calçados brilhantes, sem que houvesse água nas torneiras, provocavam curiosidade e admiração.

A exposição se construiu nesse processo de gente olhando gente e formando imagens que falam por si mesmas. Eis o bombagai: como eles chamam os brasileiros por lá e como passamos à vê-los. Do crioulo: gente boa, sangue bom. Agradecimento de um fotógrafo que se alimentou do afeto do povo haitiano.

André Ricardo Souza | Curador

Ao chegar ao Haiti, Precisei desconstruir as imagens negativas apresentadas nos noticiários nacionais e internacionais. Apesar de devastado pelas seguidas tragédias, o país revelava um tesouro que o terremoto não conseguiu enterrar: a garra do seu povo.

O meu olhar se voltou para os haitianos, seu modo de vida e seu cotidiano.

Conheci comunidades e pessoas. Compreendi a cidade.

A cada novo encontro revelava-se a grandeza e força da língua, das cores e dos costumes do povo Haitiano.

Ao participar da Missão Brasil-Haiti, ao contrário da falta de esperança, vivenciei a luta pelo resgate da vida digna e da comunhão entre povos.

RADILSON CARLOS GOMES

CURADORIA DE ANDRÉ RICARDO SOUZA

ESPAÇO FERNANDO BECK | DE 14 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2015

A exposição reuniu 39 fotografias produzidas em 2011, um ano após o terremoto que assolou o Haiti e que resultou em pelo menos 100 mil mortos e mais de três milhões de atingidos. Radilson esteve no Haiti como integrante da equipe multidisciplinar do Itamaraty e do Ministério da Saúde, na cooperação técnico científica Brasil-Haiti. O período da mostra coincidiu com a ampla repercussão na mídia sobre a imigração dos haitianos no Estado e acabou oportunizando um consistente debate público sobre os desafios da inserção laboral e diversidade cultural dessa imigração.

O artista foi convidado para levar essa exposição para outras cidades e acabou sendo parceiro na criação de um festival sobre a cultura haitiana. Com curadoria de André Ricardo Souza, especialista em Artes Visuais e pesquisador de Processos Artísticos Contemporâneos.

Radilson é formado em História, especialista em Comunicação e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz. Começou a sua carreira de fotógrafo em 1986, em Brasília. Em 1994 ingressou no Ministério da Saúde e passou a trabalhar em documentários fotográficos de saúde pública. É professor de Fotografia na Escola Câmera Criativa, em Florianópolis.

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