Yvyrupá Território

Retratos e Relatos dos Povos Indígenas em Santa Catarina
Realizado com máquina artesanal lambe-lambe de 1915/37.

Tatiane Xerexu - Guarani
Dupla exposição Tatiane e Diana
Diana Xerexu Mirim Guarani

"O território indígena encontra morada no seu próprio rosto"

Em Santa Catarina a comunidade indígena engloba cerca de 35.000 indivíduos, a maioria vivendo em aldeias já demarcadas ou com demarcações em andamento. As questões dos limites territoriais ainda ocupam o centro de suas preocupações na batalha pela sobrevivência.

O Projeto YURUPÁ – Retratos e Relatos dos povos indígenas em Santa Catarina, propõe colocar em evidência a questão dos territórios indígenas à partir de suas identidades, dos retratos e relatos dos povos indígenas (Guarani, Kaingang e Xokleng) formando um mosaico com seus rostos e dando visibilidade à suas etnias, línguas e costumes – aqui o Retrato em 3×4 é o documento etnográfico capaz de demonstrar que o território indígena encontra morada nos seus próprios rostos.

A expressão YVYRUPÁ ou YURUPÁ (como se lê) é utilizada para designar a estrutura que sustenta o mundo terrestre. E seu significado evoca o modo de ocupação do território pelos Guarani, sempre de maneira livre, respeitosa e harmônica.

“Para mim eu nasci aqui no Brasil, eu nasci aqui no Paraguai. Mas para você eu nasci aqui no país Argentina. Para mim não, para mim não tem só um Paraguai, tudo isso aqui é mundo Paraguai. Tudo é Paraguai, porque nós índios Guarani não temos bandeira, não temos cor. E para mim Deus deixou tudo livre, não tem outro país. Tem Paraná, tem quantas partes o Rio Grande. Do outro lado já é outro país, mas para mim não tem outro país, é só um país. Quando uma criança nasce aqui no Brasil, nasce lá no Paraguai. Quando nasce no Paraguai, ela nasce aqui mesmo também. Só um país. Para você eu nasci aqui na Argentina, mas para mim eu nasci aqui. É igual. Porque a água, por exemplo, esse rio é grande [mostrando o rio Três Barras], mas só em cima está correndo, por baixo é o mesmo, a terra. Yvy rupá é tudo isso aqui, o mundo. (TIMÓTEO, 2003 apud DARELLA, 2004, 51).

Arthur Benite - Werá Mirim

Galeria

Rosa Pará Rodrigues - Guarani
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Rosa e Carlito Foto lambe-lambe
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Werá Tupã Guarani 112 anos
Rosa Pará 92 anos
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Aldeia Gojtasa - Casa de passagem
Foto 4
Santina e Copacã - Aldeia Sassafrás Xokleng
Aula de fotografia de artesanato indígena
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Mini estúdio para celular
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Artesanato indígena
Aula de fotografia aldeia Xokleng
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Aula de fotografia e vídeo aldeia Guarani
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Aula de Fotografia aldeia Xokleng
Aldeia Tekoá Yva - Aldeia Feliz
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Aldeia Feliz - Máquina lambe-lambe
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Aldeia Feliz - Guerreiro Dalessandro
Werá Tupã - Guarani de 112 anos
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Rosa Pará - Guarani 92 aons
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Vomblê Copacã Xokleng
Allan Guarani
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Gennis - Ara'i Guarani
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Bruna Yva Guarani

Vídeos - Retratos e Relatos...

Fotografias de: Radilson Carlos, Luíla Vômero e Filipe Sodrá

Video Drone: Léo Quint

 

 

 

Projeto YURUPÁ Território

Retratos e Relatos dos povos indígenas em Santa Catarina

Exposição de Radilson Carlos Gomes

 “o território indígena encontra morada no seu próprio rosto”

 

O projeto “YURUPÁ Território” de Radilson Carlos Gomes busca apresentar a identidade dos Povos Indígenas em Santa Catarina (Guarani, Kaingang e Xokleng) através de depoimentos, relatos e retratos captados por meio de uma “Câmera Fotográfica Artesanal Lambe-Lambe” de 1915/37 (restaurada). Estes retratos em formato 3×4 que se estendem em um grande mosaico de identidades e rostos, explicitam aspectos étnicos e culturais e apresentam uma espécie de documento etnográfico atual destes povos.

A expressão YVYRUPÁ ou YURUPÁ (como se lê) pode ser entendida como terra ou território ancestral. É a expressão utilizada em Guarani para designar a estrutura que sustenta o mundo terrestre e para eles seu significado evoca o modo como sempre ocuparam o território: de maneira livre antes da chegada dos brancos, quando não existiam as fronteiras (municipais, estaduais e federais) que hoje separam os povos[1]. Esta relação com o que costumamos chamar de “natureza” nos mostra que o mundo e os sujeitos não estão apenas articulados, mas imbricados, um definindo o outro.

A porosidade das fronteiras entre fotográfico e político, que também está na base do projeto, permite colocá-lo sob o signo de uma atitude ética, patente na reativação de uma estética documental. A exposição coloca em evidência a questão dos territórios indígenas à partir de suas identidades: “olhar para os povos indígenas e reconhecer em seus rostos o direito originário ao território”.

É na concepção de que todo rosto humano tem uma história a contar, uma geografia a explorar, que o filósofo Giorgio Agamben destaca a ideia de que o sujeito fotografado sempre exige algo de nós[2]. Estas pessoas, estes rostos, exigem que não sejam esquecidos.

 

Lilian Barbon e Radilson Carlos Gomes
Curadores

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